Você cuida de um idoso ou conhece alguém que cuida?
Falar sobre essa fase de vida tão linda é uma das coisas que eu mais gosto de discutir. Os idosos hoje em dia têm muitos desafios e eu não me refiro apenas a acessibilidade, falo também das transformações que a própria vida impõe, de mudanças de pensar e agir e as transformações do próprio envelhecimento natural.
Sabemos que o envelhecimento é um processo universal, todos nós iremos passar por esse processo, claro, se não morrermos antes, porém quero mostrar do ponto de vista psicológico como podemos auxiliar àqueles que estão cuidando de um familiar idoso ou de um amigo.
Você sabe o que é um cuidador? Será que é só um profissional que contratamos ou será que também exercemos esse papel?
Pois é, o próprio nome já diz, é aquele que cuida, inclusive já é uma profissão regulamentada sabia? Porém as vezes você está fazendo o papel de um cuidador e não sabe. Então, vamos conversar um pouco sobre esse assunto.
Estar ao lado daqueles que amamos é sempre muito bom ainda mais quando sabemos que estamos cumprindo com o nosso dever de cuidar daqueles que dedicaram sua vida para nos educar. Hoje em dia a maioria das casas tem alguém que cuida de um idoso, ou um pai, mãe, avô, avó etc e além do vínculo afetivo estamos formando também um vínculo de cuidados.
Porém você sabe quais são os cuidados que os cuidadores devem ter consigo mesmo? Essa é uma pergunta que muitas pessoas não sabem responder, pois se veem tão atarefados nos cuidados diários que acabam se esquecendo de si mesmos.
Com essa correria toda, muitos cuidadores se descuidam, passam a se alimentar mal, a não praticar atividade física, a dormir pouco ou não se relacionar socialmente mais, e esses são alguns de muitos fatores que podem desencadear um estresse. Cuidar da sua saúde é tão importante quanto cuidar do idoso, pois sabemos que não podemos oferecer algo que não temos, devemos sim reconhecer nossos limites e pedir ajuda quando precisar.
Gostaria que você observasse como anda sua relação consigo mesmo:
*Você anda muito cansado? Tem tido tempo para descansar?
*Percebeu alterações no apetite? Anda comendo mais ou não sente fome a maioria das vezes?
*Tem saído para conversar com amigos? Participa de confraternizações quando é convidado?
*Observou que seus comportamentos estão mais explosivos?
Pois é, se sua resposta foi sim para a maioria das perguntas acima eu o convido a refletir sobre a possibilidade de pedir ajuda. Muitas pessoas quando percebem que estão num estado de fadiga, conseguem por si só desenvolver meios para driblar o estresse. Mas caso você não tenha ideia de como começar vou te mostrar umas dicas:
*Procure identificar suas necessidades, as coisas que você precisa fazer por si e isso inclui cuidados básicos de saúde.
*Não esqueça de espairecer um pouco. Sair de vez em quando faz bem para mudarmos de ambiente e estando em lugares diferentes pode te ajudar a aliviar a tensão diária.
*Busque grupos de apoio. Hoje em dia é muito comum grupos de cuidadores que se reúnem ou discutem informações através do celular, para identificar meios melhores e viáveis de trabalho ou até mesmo para servirem de apoio emocional nas dificuldades pessoais.
*Faça um check up, cuide da sua saúde. Você também merece cuidados.
*Faça psicoterapia. O psicólogo irá te ajudar nas questões que você não está conseguindo resolver.
*Faça exercícios físicos, não fique parado. A atividade física irá fazer bem para o corpo e mente.
Espero que tenha ajudado você um pouco nessa tarefa linda de cuidar e encerro com o seguinte pensamento:
“Cuidai para não serdes como os ventos da tempestade, que não constroem, mas deixam um rastro de angústia e destruição. Ou como uma apática calmaria, que nada modifica” (Flavio Cruz).
Psicóloga desde 2005 e Especialista em Terapia Comportamental Cognitiva pela USP. Professional Coach & Leader Coach pelo instituto IAPERFOMA Atualmente, também sou pós-graduanda em Neuropsicologia pela HCFM USP.
Não quero faca, nem queijo. Quero a fome
{ Adélia Prado }